Quando trabalhamos com agências estrangeiras de tradução, um dos principais aspectos a considerar não está diretamente relacionado ao trabalho em si, mas à remuneração que pretendemos receber. E, embora haja várias opções para receber pagamentos do exterior hoje em dia, é sempre legal estar atento a novas opções que chegam para facilitar a nossa vida.
E no princípio…
Tudo começou com um contato de trabalho com uma agência de tradução nos Estados Unidos. Contato feito, proposta de trabalho analisada e em vias de ser aceita… se não fosse por um detalhe no e-mail enviado pela gerente do projeto:
(…) Payment is 30 day net via wire transfer, Paypal or Zelle. We do not do Western Union. (…)
Pois é, meus bacanos e bacanas. Não adianta usar ferramentas como o Payoneer (https://www.payoneer.com) e o Wise (https://wise.com/), que estão entre as mais usadas atualmente para receber pagamentos do exterior, se o próprio cliente não as utiliza. O que nos resta é analisar as opções que restam. Então, vejamos:
Zelle (https://www.zellepay.com/): O Zelle é uma plataforma para transferências de dinheiro entre bancos, mas infelizmente funciona somente nos Estados Unidos. Portanto, fora de questão.
Paypal: (https://www.paypal.com/): Embora o Paypal seja uma plataforma de pagamentos e transferências que já está por aí há um bom tempo, não costuma ser muito benquista entre as pessoas que enviam e recebem pagamentos do exterior justamente porque as taxas dão uma boa mordida no montante a receber: São descontados 6,4% de cada transação, além de um acréscimo de 3.5% a 4,5% no valor da conversão do dólar. Ou seja… embora a opção exista, ela não é das mais atraentes.
(Lembrete: tradutores filiados ao Sintra (http://www.sintra.org.br/) ou à Abrates (https://abrates.com.br/) têm direito a taxas menos agressivas para transações feitas via Paypal. Consulte o website da instituição para mais detalhes).
Wire transfer: Para quem não conhece, o wire transfer é a transferência direta de valores entre um banco e outro. Fazendo uma pesquisa nos sites dos bancos onde eu tenho conta-corrente, os resultados foram os seguintes:
Itaú: Cobra uma taxa fixa de R$ 115,00 por cada transação, mais uma porcentagem em cima da taxa de câmbio. Como já era esperado, as taxas cobradas pelos grandes bancos comerciais brasileiros fazem são bem desvantajosas para quem recebe os pagamentos por aqui.
Nubank: Não recebe transferências internacionais. Mesmo assim, navegando por algumas páginas da ajuda e dos FAQs do Nubank, vi uma menção a outras empresas que faziam transferências. E uma delas era a Remessa Online.
(Legenda: Já que estamos aqui, o que é que custa dar uma olhada?)
Uma das coisas mais interessantes que aparecem logo de cara no site do Remessa Online é um simulador de transferências onde o usuário pode simular recebimentos (e também envios) com o cálculo completo de taxas e impostos. Tudo isso sem precisar criar uma conta ou colocar dados pessoais. Essa transparência na hora da simulação dos pagamentos já foi um ponto bem positivo para mim; nas outras plataformas e bancos citados acima, você só encontra a informação depois de navegar pelo site ou então fazer uma busca direta via Google.
As coisas parecem estar promissoras. Hora de verificar a reputação da empresa fora do próprio ambiente. Uma consulta a colegas da tradução que trabalham com agências estrangeiras revelou que poucos conheciam o Remessa Online; dentre os que conheciam, ninguém havia usado. Isso se deve ao fato de que seus clientes não são tão restritos quanto o meu em relação a meios de pagamento. Outro colega disse que a solução que ele utiliza é ter uma conta-corrente aberta em um banco dos Estados Unidos, e que, depois que recebe seus pagamentos por ela, consegue fazer envios para o Brasil utilizando outras plataformas que são mais vantajosas. A solução é interessante, mas, como ainda estou começando a lidar com agências estrangeiras, tive a impressão de que, pelo menos por enquanto, seria como tentar matar um mosquito com uma bala de canhão.
(Legenda: mas também… com um mosquito desses, bicho!)
Mais uma etapa na verificação das credenciais da empresa: aquela passadinha marota no Reclame Aqui. Nenhum grande problema à vista e empresa com nível satisfatório de resolução de problemas; hora de acionar o serviço.
Conta criada com sucesso
Criar a conta no site do Remessa Online não chegou a demorar mais do que alguns minutos, sem burocracia — como já se espera nas transações com uma fintech, mesmo em um país com meandros tão revoltos na área fiscal como o Brasil.
Com a conta criada, chegou a hora de enviar os dados para o cliente. Quem está acostumado a criar suas invoices (uma versão mais incrementada de um “recibo” tradicional, já que notas fiscais brasileiras não têm muito valor no exterior) já sabe que é preciso reservar um bom espaço no documento para incluir vários números de contas e documentos. Na prática, tudo isso é um wire-transfer, uma solução que se encaixa entre aquelas que foram oferecidas inicialmente: o cliente transfere a grana do seu banco para o banco correspondente usado pelo Remessa Online. Posteriormente, o Remessa Online cuida de mandar o montante para o Brasil.
Invoice preenchida e enviada para o cliente… agora é só esperar.
(Legenda: Tem músicas que se transformam em trilhas sonoras incríveis para certos momentos das nossas vidas 🙂
Aquele soluço no fim da jornada
Claro que, sendo a primeira vez que lido com um cliente internacional, ao mesmo tempo em que tento usar o serviço de uma plataforma de transferências financeiras, a chance de alguma coisa dar errado existia.
Deu?
Bom… mais ou menos. Mas houve algumas engasgadas e arrotos antes do final feliz dessa história.
No dia combinado para o pagamento, recebo um e-mail aflito da gerente de projeto dizendo que o sistema que ela estava usando para fazer as transferências internacionais precisava de “um código de 11 dígitos chamado C.P.F.” Até aí, tudo tranquilo; bastou enviar o CPF no e-mail de resposta.
Mas as coisas não podem ser tão fáceis assim, não é? Depois de alguns minutos, mais um e-mail aflito:
(…) I am trying to do a wire for you, but I am asked for Intermediary bank routing number. Can you please send it to me ASAP?
Bom, agora as coisas estavam ficando um pouco mais complicadas. Essa era uma informação que não constava dentre aquelas que foram enviadas pelo Remessa Online quando abri minha conta no sistema.
Hora de tentar a derradeira cartada.
Vamos acionar… o suporte.
(Legenda: E, se você nunca tinha visto essas tirinhas antes, recomendo dar uma olhada no site do Vida de Suporte.)
Em toda a experiência com o Remessa Online, eu diria que o suporte ao usuário foi a que mais me surpreendeu. Quem já tentou acessar o suporte de qualquer site provavelmente sabe que o negócio é uma caixinha de surpresas, e que os resultados podem variar demais entre uma empresa e outra.
Neste caso, posso dizer que a surpresa foi positiva: a atendente respondeu ao meu chamado em menos de um minuto e, quando apresentei o problema, ela achou estranho um banco pedir o tal “Intermediary bank routing number”, dizendo que não é um procedimento habitual. Mesmo assim, já enviou o código logo na mensagem seguinte sem fazer mais perguntas ou pedir justificativas. Problema resolvido em menos de 5 mensagens e sem a necessidade de “abrir um ticket”, “esperar 48h”, “precisar da autorização do supervisor” ou qualquer procedimento parecido.
Dados enviados, transfer completado pelo cliente… e, menos de 24 horas depois, recebo um e-mail dizendo que a grana já podia ser transferida para a conta bancária que eu havia registrado no Remessa Online. Sem demora, sem burocracia e sabendo desde o início do registro o quanto eu iria receber (em reais) e todas as taxas cobradas pela plataforma — que, inclusive, conseguiu ficar bem abaixo das outras opções consultadas.
Fica aí a recomendação, pessoal! O serviço é bom, ágil e pode ser mais uma opção para tradutores e intérpretes que precisam receber valores de clientes no exterior. Experimentem!
— Ivar Jr e Luciana Boldorini
Para saber mais sobre diversas perguntas que recebemos sobre as áreas de tradução, interpretação e revisão, leia este post.