Esta é a primeira de duas partes de uma matéria da Translators101 sobre trabalho voluntário para tradutores. Publicaremos uma entrevista na segunda parte em 15 de julho.

Muitos tradutores iniciantes têm dificuldade de conseguir seus primeiros trabalhos, o que é normal. Por isso, alguns procuram trabalhos voluntários nas áreas em que querem atuar para ganhar experiência e construir um portfólio para apresentar a potenciais clientes pagantes no futuro.

Ter seu nome publicado em uma tradução no início da carreira pode fazer abrir mão do pagamento valer a pena. Ainda assim, é preciso ter claro o que é trabalho voluntário e, em especial, o que é trabalhar de graça.

O trabalho voluntário é definido pela Lei Nº 9.608 no Brasil como “atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa.” Isso esclarece que uma atividade não remunerada prestada a uma empresa privada que tenha fins lucrativos não é trabalho voluntário, e sim trabalhar de graça.

Qualquer pessoa que se ofereça para trabalhar de graça está abrindo mão do valor do seu trabalho para que outra pessoa possa lucrar com ele. Fazer isso é como dar dinheiro para alguém sem esperar nada em troca, seja um real ou mil. É uma doação em forma de serviço.

É por isso que muitos tradutores se recusam a fazer trabalhos para empresas sem serem pagos, mesmo que o projeto seja “só uma frase” ou um trecho curto. Seu trabalho irá gerar lucro para alguém, então por que você não pode levar uma parte dele sendo pago pelo que fez?

Quando trabalhar de graça?

Embora trabalhos de graça sejam quase sempre desvantajosos para o tradutor, há casos em que há uma compensação (que não é dinheiro) por um projeto. Por exemplo, a pessoa pode te oferecer um revisor que devolverá o texto corrigido e com os erros indicados, o que tornará o serviço um processo de aprendizado. Esse é um caso de troca de serviços, em que você usa seu tempo para produzir e tem em troca o tempo de outra pessoa produzindo para você. São situações que cada tradutor deve avaliar se vale a pena para seu caso.

Também há casos em que há uma promessa de pagamento, como uma porcentagem das vendas de um livro que você traduziu. Lembre-se que isso é um pagamento condicional que pode nunca dar retorno, ainda mais se a tradução foi para uma pessoa ou empresa de baixo alcance ou popularidade.

Por fim, também há casos em que nenhum dos dois lados irá lucrar com o trabalho, e mais uma vez o tradutor deve decidir se vale a pena. Ajudar um amigo a fazer a versão para o inglês de um jogo que ele desenvolveu como projeto de faculdade, por exemplo, é uma dessas situações.

Em qualquer contexto em que você não terá retorno nenhum e tem certeza de que a outra parte terá, mesmo que esse retorno seja pequeno ou difícil de calcular, não trabalhe de graça. Tente negociar algum tipo de pagamento.

Para quem fazer trabalho voluntário?

Organizações não governamentais, movimentos sociais e demais instituições sem fins lucrativos são bons lugares para procurar oportunidades de trabalho voluntário de tradução. Oferecer esse serviço para empresas fundadas no Brasil pode ser uma oportunidade de treinar suas habilidades de versão para o inglês, já que é provável que seu conteúdo já esteja em português.

A lista abaixo é de instituições sérias e sem fins lucrativos que precisam de serviços de tradutores. Clique nos nomes para ir para às suas respectivas páginas.

— Bhernardo Viana

Para saber mais sobre diversas perguntas que recebemos sobre as áreas de tradução, interpretação e revisão, leia este post.

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